Finalmente ouvi sua voz:
– Será que você poderia me ajudar com o meu projeto? – Em seu tom havia muita empolgação, inconcebível para mim, após observar sua frustração há pouco. Naquela época, ainda não entendia a rapidez das suas flutuações de humor.
Deixei o trabalho de lado e a segui até a prancheta onde estava seu esboço. Ao analisar o desenho, não conseguia compreender o motivo de passar duas horas amassando folhas de papel, se o trabalho estava praticamente pronto.
Olhei para minha criadora tentando encontrar em seu olhar uma explicação, mas só havia divertimento em seu rosto quando falou:
– Não se preocupe, eu quero que você me diga o que está errado aí. Tem algo, mas não consigo imaginar o que é. Para mim parece perfeito, mas a minha intuição diz que não está.
Ella não parecia abalada por isso. Como se eu pudesse dar-lhe a resposta desejada. Aquela total confiança em minha capacidade, não era um engano, sabia exatamente onde estava sua pequena falha. Tinha conhecimento suficiente para avaliar e consertar seu erro.
Estava admirado com sua disposição a aceitar minhas correções e alterações no seu desenho. Entretanto, me intrigava ainda mais a sua afirmação: “...mas a minha intuição diz que não está”. Aguçou minha curiosidade... Pouco sabia sobre o assunto, queria desvendar e conhecer melhor os caminhos do despertar intuitivo.
Em dezessete minutos e trinta e quatro segundos, ajustei o projeto da minha criadora. Um erro mínimo e fácil de resolver, porém não conseguiria elaborar um sistema como este sozinho. Sua mente criativa e inventiva estava além do meu alcance.
Quando terminei o desenho, a tarde estava praticamente no fim, a avistei recostada no sofá do escritório presa a alguma leitura. Fiquei observando suas emoções flutuarem ao sabor das páginas do livro. Suas expressões variavam pouco a pouco.
Até as lágrimas começarem a rolar pelo rosto, finalmente aprendi como ler a tristeza em seu semblante e não estava satisfeito com isso. Fiquei desconfortável com a dor revelada em seu olhar, desejava devolver o sorriso para sua face.
A minha presença foi notada e a surpresa a fez sentar-se rapidamente, fechando o livro e o escondendo atrás do corpo. A seguir, o jogou para o lado, por cima da pilha de livros sempre acumulada sobre o sofá e o chão. Nunca me deixou arrumar aquilo.
Sentei ao seu lado esperando uma explicação para suas lágrimas. A intenção era ouvir seu desabafo, não pretendia pressioná-la. Normalmente, Ella contava suas preocupações e dúvidas sem hesitação. Minha expectativa foi completamente errônea. Algo mais inusitado aconteceu em seguida.
Minha criadora pendeu a cabeça sobre o meu ombro. Até este dia, o contato físico entre nós era mínimo. Descobri o quanto era perfeito meu sistema sensorial, senti a textura de seus cabelos e o calor de sua face de encontro ao meu corpo metálico. Por uma fração de segundos, fiquei assustado e sem ação, desfrutando da novidade.
No instante seguinte, lembrei dos livros de romance da biblioteca e automaticamente soube como agir. Afaguei sua cabeça com a ponta dos dedos em movimentos circulares e assim ficamos, como se o tempo não existisse, por exatamente vinte e três minutos. Enquanto o sol sumia no horizonte.
O crepúsculo a despertou e já sem lágrima alguma nos olhos, afastou sua cabeça de meu ombro falando:
– Precisamos acender as luzes. Está muito escuro aqui. – Sua voz tremia e seu tom era muito baixo, quase um sussurro. Ainda havia muita tristeza ali.
Quando se levantou para acender as luzes, fiquei sentado naquele sofá, aguardando alguma explicação para o seu choro. Gostaria de saber suas motivações para ficar triste, buscar por meu carinho e apoio.
Ao se aproximar novamente, aquele momento parecia ter se apagado da sua memória. Simplesmente falou:
– Vou fazer o jantar, você vem? – Se não fosse sua voz trêmula, completamente fora de tom, demonstrando sua hesitação, acabaria acreditando numa falha em minha rede neural.
Ella subiu apressada, sabia o quanto era capaz de desvendar seus sentimentos e isto a incomodava quando estava frágil. Deixei-a fugir de mim, minhas respostas estavam ali em baixo. Precisava apenas de alguns minutos para encontrá-las.
Procurava o livro que a afetou de forma tão profunda. Entretanto, quando o encontrei, notei o quanto estava impotente para desvendar este mistério. Não poderia invadir sua privacidade e muito menos renegar sua confiança em mim. Na capa estava escrito: “Não leia, confidencial”. Era o seu diário.
Ain, Mita! Além de sempre querer saber mais a respeito de Ella, sua história está tão rica de detalhes que fico perdida nos meus comentários. Sinceramente... A palavra seria perfeito. Mas sei que vc ainda vai me surpreender mais...
ResponderExcluirMaravilhoso!
..: Bjks, Paula :..
CAR-MI-TA!!!!
ResponderExcluirMeu Deus do céu, como você pode ter dúvidas se sua história deixa as pessoas curiosas?
Eu estou morrendo aqui pra saber o que a Ella leu no diário.
Tadinha, me deu uma peninha dela. :(
Mas, em compensação, sem essa leitura provavelmente não terias essa cena tão doce e mágica que foi ela encostando a cabeça no ombro do dois e ele afagando seus cachos. *-*
Awn, Mita!
Tudo perfeito!
Só que sei que num futuro próximo ainda vou descobrir como se supera algo perfeito porque, como a Paulinha disse, você ainda vai surpreender!
Ameeeeeeeei! *-*
Beeeeeeeeeeeijos.
Paulinha!
ResponderExcluirTem tantos detalhes assim? O.o
Às vezes penso que por ter apenas dois personagens ela pode ficar um tanto aborrecida!
Nunca sei o que dizer diante dos seus comentários *--*, me deixam envaidecida!
Obrigada!
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Sobrinha querida!
Finalmente nos falamos! .we.
Não dá pra saber o que Ella leu! O Dois não vai nem tocar nele. Vai ignorar... Agora é esperar que a Ella abra a boca! kkkkkkk
É, mas ela se deixa levar pela tristeza do passado e muitas vezes esquece de viver a alegria do presente. Como o Dois fazendo cafuné!rsrsrsrsrsrsrsrs
Bem... Tem algumas surpresas pela frente! Umas nem tão surpresas assim... Você não perde por esperar!
Obrigada mil vezes sobrinha querida!
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Adoro vocês! Bjks mil! *.*
Carmita, adorei a atualização, muito boa mesmo, é tudo tão perfeito *.*, tão realista ao mesmo tempo a forma como ele a vê é tão objectivo. Esta muito boa a historia, como eu sabia que seria :)
ResponderExcluirSoraiaRaquel
SoraiaRaquel,
ResponderExcluirObrigada minha linda!
É sempre bom saber a opinião de quem está lendo e se estão realmente gostando.
Fico mmuito feliz por estar gostando da estória! .we.
bjks, *.*
Aaaaaaaaaaah!!! Claro que ele tem que ler!
ResponderExcluirxDDD~
Raquel!
ResponderExcluirEu também acho... Eu leria!
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk