quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Emily I

Nossa viagem de volta levou nove minutos e trinta e seis segundos a mais que a ida. George comentou ter maior dificuldade para dirigir durante o crepúsculo, a intensidade da luz atrapalhava a visibilidade. Chegamos à casa da Eve quando o sol sumiu por completo no horizonte.


Entramos pela sala lateral, próxima a garagem. Antes de cruzarmos toda a sala, avistamos Suzy e Lila caminhando em nossa direção. Ambas saindo da sala de jantar.


A gata parou a minha frente solicitando carinho e Suzanna deu as boas vindas a nós dois. Em seguida, falou diretamente para a minha noiva:

– Reservei sua mesa no restaurante como me pediu mais cedo. – após esta frase notei a preocupação dela ao questionar – E seu pai, está bem?


A mulher amada não hesitou ao responder:

– Parece bem e não deseja sair de lá. Está gostando da vida na fazenda e se sente útil, mas no fundo ainda receia voltar para o vício. – a governanta assentiu pesarosa e ouviu com atenção a pergunta seguinte – Teve notícias da Eve?


– Ela ligou hoje pela manhã. O problema foi na alfândega de Roma, seguraram as obras para averiguações... Mas a Dona Heidi resolveu tudo e Eve pega o primeiro voo esta madrugada. Estará aqui por volta de nove e meia da manhã.


Enquanto minha criadora contava sobre a nossa pequena Emily a governanta, Lila pulou para o meu colo. Procurei me ater à conversa das duas. No entanto a gatinha me conquistou com seu ronronar em meu ouvido e o seu pelo sedoso. Acabei me detendo em lhe fazer carinho, contente por ganhar a confiança do animalzinho.


Antes de voltar para a cozinha, Suzy comentou:

– Tenho certeza que será uma mãe maravilhosa Dona Ella, e pelo jeito do seu namorado com a Lila, vai ser um bom pai também! – O rubor cobriu as faces da minha namorada ao agradecer o elogio sincero.


Quando Suzanna se encaminhou para a sala de jantar, a mulher amada se voltou para o telefone. Sua intenção era ligar para a assistente social com a qual seu pai conversou. Ligou para o número do celular, almejava falar com Tamara Ganimedes naquele mesmo dia.


Deixei Lila no chão e procurei prestar atenção no telefonema. Aparentemente, a assistente atendeu. Podia ouvir muito mal a voz do outro lado, tinha muita interferência e para entender, eu precisaria filtrar a voz. Naquele momento fui tomado pela ansiedade e busquei apenas escutar as respostas da minha noiva.


Pouco antes de desligar o telefone, li em seu semblante uma variedade incrível de emoções. Principalmente, havia um pouco de excitação misturada à apreensão, alegria e uma vontade enorme de rir alto, a qual segurava para não assustar a pessoa com quem conversava.


Terminada a ligação, a mulher amada manteve o telefone no ouvido, atônita com as notícias. Continuava com o aparelho rente a orelha ao me dar as boas novas:

– Emily já é minha legalmente! Fui nomeada sua tutora, a assistente vem amanhã às nove da manhã para trazer a menina.


Eu me aproximei, retirei o aparelho de suas mãos, desliguei e perguntei:

– E isto é bom? – Eu havia lido pouco sobre o assunto, apenas em livros de ficção. Não sabia de todo a extensão legal da palavra tutor.


Ella se atirou de encontro a mim e explicou:

– Quer dizer que não importa onde eu more ou se sou solteira! Como alcoólatra meu pai é considerado inepto para ser tutor de Emily e eu sou a única parenta restante. Por lei, se eu não morasse em uma Ilha deserta seria obrigada a assumir a guarda da menina. Se eu assumir, não podem colocar empecilhos ao meu modo de vida.


Eu sorri maravilhado com a notícia, contudo estava preocupado com outra questão:

– Vamos nos casar assim mesmo, não é?


Minha noiva respondeu confiante:

– Acho bom você cumprir sua promessa, vim pensando na cerimônia e no meu vestido de noiva durante toda a viagem. – Fiquei radiante com a sua resposta e busquei seus lábios com paixão.


Naquela noite tivemos um jantar muito romântico e comemorativo, no restaurante do clube. Estávamos entusiasmados com o noivado e com a princesinha prestes a entrar em nossas vidas. Na manhã seguinte daríamos um grande passo. Na época eu sabia disso, porém não dimensionei com clareza, por falta de dados.


Voltamos para casa, ansiosos por nos entregarmos ao desejo de nossos corpos. Realizar uma comunhão plena da nossa alma através de uma união perfeita no ato do amor. Após duas horas, quarenta e sete minutos e vinte e três segundos de completa satisfação, a mulher amada dormiu em meus braços.


Passei toda a noite, admirado com a rapidez dos acontecimentos. Estupefato diante da realidade do nosso amor. Lembrava de cada detalhe das últimas vinte e seis horas. Tudo era muito real, ao mesmo tempo me remetia as minhas fantasias de quando era apenas um androide prateado e sonhava com este momento. Abracei-a mais forte e soube, eu sempre seria feliz enquanto pudesse sustentar sua presença em minha memória.


Na manhã seguinte, após o desjejum, sentamos na sala de visitas da Eve exatamente às oito horas e cinquenta minutos. Aguardávamos a chegada da Emily. Suzanna deixou clara sua intenção de se manter no controle da porta e da casa. Como governanta iria receber as visitas e as trazer ao nosso encontro.


Quatro minutos depois, a campainha soou e minha noiva olhou para mim excitada ao exclamar:

– É a Emily, Adam! – Em seguida vi Suzy na entrada da sala, a frente da assistente. A mulher negra entrou com nossa pequena Emily em seus braços. E ainda carregava de forma displicente um grande urso branco de pelúcia, pendurado de encontro ao seu corpo.


Tamara não nos deixou levantar para segurar a menina ou nos apresentar, colocou-a no divã vermelho ao lado do nosso sofá. Ao se sentar disse sem demora:

– Estou apreensiva com esta história da senhorita morar em uma Ilha deserta. Não é o lugar ideal para se criar uma menina. Eu não posso me opor a entregar a Emily, mas estou muito preocupada. Não acho certo uma criança viver isolada do mundo.


Escutei as palavras da assistente, entretanto não conseguia tirar meus olhos da nossa princesinha. Era adorável, tinha os mesmos olhos brilhantes e as sardas perfeitas da mulher amada, seus cabelos eram de uma tonalidade mais clara de castanhos. Era muito afetuosa com seu ursinho, não parava de acariciá-lo e balbuciar uma cantiga suave por trás da chupeta em sua boca.


Ella se manifestou deixando clara suas pretensões quanto ao futuro da menina:

– Compreendo sua apreensão. Não tenho nenhuma intenção de manter uma criança isolada do mundo. Posso encontrar um meio termo para nós duas. Eu tenho uma licença para pilotar helicópteros e pretendo comprar um antes de voltar para a minha Ilha. E assim virei mais vezes para a civilização. Eu e meu noivo estamos ansiosos por criar a Emily e desejamos o melhor para ela.


Tamara, ao ouvir sobre o nosso noivado, parecia ainda mais apreensiva:

– Eu não sabia que estava noiva! É um grande passo para vocês começarem a vida de casados como tutores de uma criança. – Notei implícito em suas palavras o desejo de nossa desistência da tutela, apenas não conseguia entender suas motivações.


Por isso declarei:

– Eu fiquei muito feliz quando minha noiva se decidiu por criar a prima. E meu pedido de casamento aconteceu logo em seguida, almejo dar um lar estável para Emily. Nós nos amamos e vamos amar a pequenina como se fosse nossa própria filha.


Prestando atenção em nós, a pequena largou seu ursinho. A mulher amada, cansada de esperar para ter Emily nos braços se levantou para pegá-la. Acomodou a pequena em seu colo com presteza e a abraçou com carinho.


Vendo o afeto de Ella pela menina, a assistente cedeu e disse:

– Não posso ir contra uma ordem judicial, me entendam, eu precisava ter certeza que Emily seria bem cuidada. Eu fiquei com ela nos últimos três meses e me afeiçoei. Espero que permitam minha visita quando estiverem no continente.


A esta altura minha noiva estava sentada com Emily em seu colo. Finalmente compreendemos a apreensão de Tamara. Asseguramos dar notícias por e-mail e sempre a avisaríamos quando voltássemos para a cidade.


A assistente nos olhou determinada a aceitar a nova situação e falou:

– Preciso pegar os papéis que certificam a sua guarda e os pertences de Emily, lá fora no meu carro. Para acertar tudo, você precisa registrar os documentos e ir ao juizado ainda esta semana.


A pequena não tirava os seus belos olhos de mim e eu estava distraído admirado-a. Ela arrebatou meus circuitos ao entrar na sala, me conquistou a primeira vista. Desviei meu olhar apenas ao ouvir a voz suave da mulher amada:

– Adam, toma conta da Emily enquanto vou ajudar Tamara com as malas e assinar os papéis. – Ao falar, passou nossa princesinha para o meu colo com destreza.


As duas saíram da sala rapidamente e fiquei sozinho, olhando a amada menina. Surgia em mim um novo sentimento de amor e proteção, totalmente paternal. Procurei virá-la de frente para mim, sobre as minhas pernas, tentando obter sua atenção, todavia desviou seu olhar para a entrada.


Sua audição era excelente. A artista entrou na sala em seguida e ficou aturdida ao vir Emily em meu colo. Sem perder a pose e a ironia peculiares da sua natureza, perguntou curiosa:

– De onde surgiu esta pequena fofura? É a cara da Ella! O que o Hector andou aprontando naquela fazenda?!


domingo, 27 de dezembro de 2009

Pai & Filha III

Fitei-a e reconheci em seu semblante o aflorar de sentimentos ternos ao se imaginar mãe. Eu a amava desde praticamente o meu nascimento, contudo sabia da necessidade dos humanos de procriarem. Procurava não pensar no futuro e na minha inaptidão para juntos formarmos uma família, como era o esperado em qualquer união. Minha maior preocupação era se minha namorada desejava ter seus próprios filhos.


Ella olhou para mim movimentando os braços, como se não soubesse onde colocá-los. Na realidade estava excitada e animada com a ideia de criar a prima, ao concluir:

– Se eles não implicarem por eu ser solteira e morar numa ilha deserta, eu bem podia criar a menina. O que acha?


Estava clara a sua vontade de adotar a garotinha. Sua pergunta, embora não me incluísse diretamente, indicava seu desejo em me envolver na decisão. Então fiz a proposta, acreditando receber uma resposta afirmativa:

– Não importa onde você mora, será uma excelente mãe em qualquer circunstância. Quanto a ser solteira, podemos resolver isso com facilidade. Sou humano para todos os efeitos da lei. Posso ser seu marido e aprender a ser um pai para pequena Emily.


A mulher amada me observou por dois segundos, suas feições eram marcadas pela admiração. Almejava meu pedido e sua insegurança a impediu de fazê-lo. Precisava ter certeza das minhas motivações e me questionou:

– Você realmente deseja se casar comigo e ser pai? – titubeou por meio segundo antes de completar – Adam, você desejaria casar comigo, independente da Emily?


Era uma pergunta clara, minha resposta seria negativa para sua última questão. Nunca a prenderia a mim por laços tão fortes, devida a minha incapacidade de procriar. Procurei esclarecer minha opinião, assegurando os meus sentimentos:

– Ella, sei o quanto nos amamos, contudo quem deveria ser contra a se casar comigo é você. Assinar um contrato afirmando estarmos decididos a viver este amor de acordo com as leis humanas é um privilégio para mim. Minha dúvida é se você está disposta a abdicar de gerar uma vida em seu ventre.


Em uma fração de segundo, a mulher amada se atirou de encontro a mim, enlaçando minha nuca com o braço direito e respondeu:

– Se isso é um pedido de casamento, eu aceito! – em um só fôlego continuou – Adam, eu não abdicaria de você para ter um filho, não desejo ter filhos com outro homem. Ainda mais agora que posso realizar meus dois sonhos, me casar por amor e criar uma filha ao seu lado!


Descobrir o quanto eu era importante para a minha namorada, mobilizou meus circuitos e ativou novas conexões internas. Meus sentidos se ampliaram ao máximo, percebi a vibração do seu corpo de encontro ao meu, o som das batidas do seu coração, o aroma delicioso da sua pele. Em um impulso puramente emocional a beijei confirmando o nosso compromisso.


Quando afastei meus lábios dos seus, Ella me pediu:

– Adam, eu acho melhor não contarmos do casamento para o meu pai hoje. Sei que ele nos abençoou, mas no fundo ainda não digeriu tudo. Na semana que vem, voltamos aqui e contamos a ele. Tudo bem para você?


Não havia motivos para discordar, minha namorada tinha toda razão. Era muita informação para um ex-alcoólatra compilar em um mesmo dia. Descobrir o amor da filha por um androide foi um grande impacto, saber do casamento eminente entre nós seria um choque ainda maior.


Ouvi a porta do banheiro se abrir e me afastei da mulher amada concordando manter em silêncio a nossa felicidade. Hector parou próximo às cortinas divisórias e disse:

– Adorei as roupas, docinho! – Estava vestido com uma calça marrom e blusa azul de estampa xadrez, peças escolhidas por Ella na tarde anterior.


Ao se aproximar perguntou:

– Então filha, vocês se decidiram? Vão adotar a Emily? – Demonstrava grande apreensão por nossa resposta.


Minha namorada respondeu sem hesitação:

– Vamos conversar com a assistente e descobrir se há possibilidade de ficarmos com a Emily na Ilha, pelo menos enquanto ela não entrar em idade escolar. Talvez não seja tão fácil, mas estamos dispostos a adotar a menina, paizinho!


Hector estava animado com nossa decisão, voltou-se para nós dois ao comentar:

– Nem sei como agradecer! Afinal, eu me sentia culpado por não cuidar da menina. Mas agora sei que vai ter bons pais e ser bem criada.


Não havia motivos para sua gratidão, porém não nos deu tempo de replicar, olhou para mim e completou:

– Eu descobri o segredo de como tratar uma garotinha quando vi “A Princesinha*”. Durante o filme a órfã afirma que toda menina é uma princesinha e merece ser tratada como uma!

*A Princesinha é um filme que teve várias refilmagens no cinema e na televisão. Sua primeira versão foi filmada em 1917, a versão mais famosa é de 1939 com Shirley Temple no papel principal e a mais recente é de 1995.


Sua filosofia aparentemente era simples e notei a importância da afirmação para ele. Por isso agradeci o conselho e pedi por maiores detalhes, queria descobrir como aplicar. Hector inspirou e conservou o amor da filha, apesar de todas as dificuldades pelas quais passou. Desejava infundir o mesmo sentimento na pequena Emily.


Depois de explicar como aplicou a ideia, mudou completamente de assunto e nos questionou sobre a refeição:

– Ontem pesquei um robalo e de manhã peguei algumas abobrinhas na horta que podem ser o nosso almoço. Mas também podemos almoçar no refeitório com os outros.


A mulher amada decidiu rapidamente:

– Eu faço o almoço, paizinho. Assim ficamos mais a vontade. – Uma característica da Ella era sua introversão, isso nunca mudaria. Preferia estar junto aos seus conhecidos a se misturar e conhecer novas pessoas.


Enquanto minha namorada se dedicava ao preparo do alimento, seu pai me fez sentar a mesa para conversarmos. Seu discurso era sobre as maravilhas de ter uma garotinha em casa. Explicou como agiu com a filha em cada situação, seus erros e acertos.


A refeição transcorreu muito animada e estava deliciosa. Hector parecia aceitar a convivência com um androide de forma natural e desprovida de preconceitos. Provavelmente contagiado pela felicidade de sua filha ou pelo desejo de ver a sobrinha bem cuidada. Quaisquer que fossem suas motivações, o mais importante era a sua aproximação.


Após o almoço saímos para um passeio à pé pela propriedade, caminhamos à beira do lago e por parte do bosque a circundá-lo. Tivemos uma visão geral da sede e das outras construções. O clima da região era totalmente diverso da Ilha, a temperatura era dez graus mais baixa. Não havia a brisa marinha e o aroma adstringente provinha da terra mesclada ao perfume exalado por árvores diversas.


Ao voltarmos à sede, selecionamos três varas de pescaria. Ella já sabia pescar, mas seu pai precisou me ensinar como colocar a isca, girar o molinete e lançar o anzol, por fim nos levou ao seu lugar favorito de pesca. Fiquei admirado quando fisguei o primeiro peixe àquela tarde.


Como um grande amante da natureza, Hector disse ser o suficiente para o seu consumo e sugeriu pararmos, não achava certo pescar além. Faltavam vinte minutos e doze segundos para as cinco horas da tarde, quando nos sentamos próximos a piscina. Aproveitamos o restante do tempo para obtermos mais informações sobre a Emily e seus pais.


Exatamente às quatro horas e cinquenta e cinco minutos, avistei o empregado de Eve estacionando o carro em frente à porta principal da fazenda. Quando informei os dois sobre o fato, notei a decepção em seus semblantes. Queriam passar um pouco mais de tempo juntos, mesmo assim se levantaram resignados.


Fomos à recepção e o rosto desapontado da mulher amada continuava a rodar em minha tela. Encontramos George que logo se mostrou a nossa disposição:

– A hora que quiserem partir, estou às ordens. – Ella agradeceu e começou a se despedir.


Olhei para o lado e vi dois homens sentados nos sofás da sala. Ao notar a presença da minha namorada, o mais velho se levantou e caminhou em nossa direção. Era o Dr. Yoshida, seus olhos rasgados e seus cabelos negros revelavam a ascendência japonesa, assim como o seu nome, o qual escutei anteriormente do pai da mulher amada.


Veio cumprimentar Ella e agradecer as doações feitas à instituição. Por fim disse ter em Hector um ótimo aliado junto aos outros internos, principalmente na manutenção da fazenda.


Minha namorada ouviu tudo com serenidade, estava disposta a aceitar a realidade do seu pai. Ele não desejava sair e muito menos mudar-se para a Ilha. Um dia ele se sentiria mais seguro e passaria algum tempo conosco. No entanto, Hector fizera daquela fazenda o seu lar.


Quando o psiquiatra voltou a se acomodar no sofá, a mulher amada sorriu para mim conformada com o desejo de seu pai. Os dois se despediram com um novo abraço, trocando palavras de carinho e promessas de retorno em breve.


Em seguida, Hector se virou para mim e disse:

– Acho que posso contar com você para cuidar das minhas princesas, não é mesmo? – Sua pergunta demonstrava não estar de todo convencido desta possibilidade.


Por isso eu respondi com decisão:

– Vou cuidar das duas com muito amor. – Após a minha resposta ele me ficou mais tranquilo e caminhou conosco até o carro.


Dentro do automóvel, Ella estava pensativa e procurei não a incomodar, eu sabia o quanto era difícil nos despedirmos de quem amamos. Enquanto o carro avançava, notei Hector ao lado de um cão e de Anne. Olhava fixamente para nós, como se assim pudesse manter a filha ao seu lado por mais tempo. Ao virarmos a curva, eu não mais o avistei. Contudo tive a nítida sensação de sua atenção estar voltada para nós durante toda a viagem de volta. Havia uma ligação extremamente forte entre pai e filha. Ansiava por obter este tipo de conexão com Emily.