domingo, 11 de outubro de 2009

Finalmente, Eve! I

Na manhã seguinte, Ella acordou em seu horário normal. Aparentemente muito ansiosa, ainda estava batendo a massa da panqueca, quando se aproximou. Aprontou-se em quinze minutos e dezoito segundos, não é o seu habitual. Geralmente, demora quinze minutos só com o banho.


Enquanto eu cozinhava, me acompanhou muito falante e animada. A chegada da artista a deixou ansiosa. Notei seu sorriso aberto e sincero. Em minha memória apareceu outro, o dedicado a mim após nosso primeiro beijo. Aquele era doce e sereno, junto a um olhar admirado e esfuziante, era o seu melhor sorriso.


Ao sentarmos a mesa, estava cheia de energia, tagarelando e gesticulando sem parar, buscando chamar a minha atenção. Mal conseguia apreciar as panquecas com mirtilos em calda.


Resolvi comentar o quanto a sua excitação estava exacerbada:

– Ella, eu sei o quanto você ama a Eve e sente sua falta. No entanto, só esteve tão agitada assim, no dia do meu nascimento. Se eu não te conhecesse, poderia dizer que está sob efeito de alguma droga potente.


A princípio minha criadora se chocou com meu argumento. Em seguida, riu e declarou:

– Estou demais, não é mesmo? Você tem razão. Mas a verdade é que também estou empolgada para ver você transformado!


A mulher amada me deixou boquiaberto. Não esperava por esta resposta. Durante todo este tempo, nunca se manifestou se era a favor ou contra. Quase um mês depois, diz estar excitada com a aproximação da minha metamorfose. Era inusitado, contudo me senti esperançoso com seu comentário.


Duas horas após o amanhecer, o dia estava especialmente belo na Ilha. Dois arco-íris se formaram no céu azul e límpido, quando avistamos o helicóptero da Eve fazendo a volta para aterrissar.


Saímos da estufa e ouvimos um barulho ensurdecedor. O mar estava revolto e a areia voava a nossa volta. A artista estava bem acima de nós manobrando sua máquina para descer na praia.


Ao desligar o aparelho, notei seu semblante, estava pensativa e introspectiva. Em seguida, se virou para nós com seu sorriso franco e vivaz. Mesmo assim, fiquei em alerta. Eu não sabia o motivo, todavia sua atitude reflexiva demonstrava certa insegurança, e isto não fazia parte de sua personalidade.


Eve não perdeu tempo, logo ao descer, foi direto de encontro à amiga a abraçando calorosamente. Era claro para mim como uma sentia falta da outra.


Quando se afastaram, a artista falou:

– Você está linda hoje, seus olhos brilhantes me deixam sem fôlego! Morro de saudade deles! – Só podia concordar, ainda mais sabendo ser a minha futura aparência, uma das causas daquele olhar luminoso.


Ella como sempre rejeitou o elogio:

– Você é a linda aqui! Eu que morro de saudades de seus olhos dourados!


Em seguida, ouviu a decepção da amiga:

– Não sei por que me dou ao trabalho de elogiar você...


A rapidez e esperteza da Ella para responder a altura me deixaram tonto:

– Porque me ama! – Falou com certeza e ao mesmo em tom de brincadeira, apenas pessoas muito íntimas são capazes de conversar tão ágil e abertamente.


Eve completou:

– Eu te amo por isso! Sempre consegue me deixar desconcertada e feliz, mesmo ao me contrariar!


Depois disso, nossa amiga olhou para mim sorrindo apenas com os lábios, havia certa insegurança em seu olhar. Relembrei seu jeito introspectivo ao pousar o helicóptero. Estava em alerta quando a ouvi chamar-me pelo meu apelido de um modo solene e ao mesmo tempo divertido. Nunca compreendi como consegue obter esta dualidade em sua entonação.


Não percebi qual era sua intenção, até ser agarrado pela artista e seus lábios tocarem os meus, sem cerimônia alguma e justo na frente da mulher amada. Eu poderia empurrá-la, com certeza minha força superava a dela. Entretanto, minha imobilidade se devia a minha curiosidade e receio de machucá-la.


A artista forçou a língua para dentro da minha boca e acabei por ceder, mesmo sem muita vontade. Talvez fosse minha última oportunidade para saber como era o beijo de outra pessoa. Por outro lado, as sensações não eram em nada semelhantes as de ter a mulher amada em meus braços.


Depois de ter sentido o gosto da Eve, ligeiramente ácido e cítrico, mal travamos de fato uma “luta de línguas”. Ela me soltou rapidamente e busquei o seu olhar, sem entender o motivo de me beijar, na presença da Ella. Nenhum de nós parecia ter apreciado o momento. Então perguntei:

– Porque fez isso?


2 comentários:

  1. OMG (odeio fala OMG nem sei pq eu "falei")!!! A EVE É DOIDA? (será q ela só foi abrir os olhos da amiga?) Assim sem ofenças mas a Eve é maior q a Ella? Ou é por causa do cabelo? É q parece! E sabe o cabelo da mãe da Ella? Eu ficava pensando assim "Nossa, acho que eu já vi esse cabelo em algum lugar!" aí hoje eu tava lá criando uns personagens pra uma outra história e lá tava o cabelo (só q tava castanho)!(meio anda a ve com o q eu tava falando né?)
    Mas voltando ao assunto...Por favor me diz q a Ella vai ficar com ciúmes!!!!!*-*

    PS: Nossa que poste grandinho q eu postei!

    *-*Clay1*-*

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  2. Clay1,
    A Eve é um pouquinho doida sim! Mas no bom sentido! :P
    Mas acho que você pode estar certa em sua pergunta...
    A Eve é mais alta que a Ella sim.
    Ah, esta história de cabelo, eu já passei por isso. A gente acaba encontrando iguais em outras estórias.
    Será que a Ella ficou com ciúmes? Seria bom, né? Assim saberíamos que o Adam tem alguma chance!
    Eu gostei do tamanho! :}

    bjosmil! *.*

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