domingo, 17 de janeiro de 2010

Preparações e Comemorações III

Nota da autora: Este convite foi um presente especial e resolvi deixar aqui junto com a estória. Obrigada Paula!

Após me arrumar desci até a praia, onde aconteceria a cerimônia. De início fiquei ali sozinho. O primeiro a chegar foi o celebrante, me cumprimentou e elogiou a decoração. Eu só pude concordar com suas observações, as duas amigas uniram suas mentes para criar um ambiente acolhedor e romântico.


Às nove horas, cinquenta e três minutos e dez segundos, George e Suzanna tomaram os seus lugares. Todos os convivas estavam presentes e aguardando a cerimônia. Ao longe, uma mulher chegou sorrateira e colocou uma das cadeiras de praia voltadas para o altar, antes de se sentar.


Não fazia parte da nossa reduzida lista de convidados. Estava determinado a conversar com ela e me aproximei analisando-a. Sabia exatamente quem era, suas fotos estavam no álbum de infância da Ella, apesar da maquiagem pesada encobrir as inevitáveis marcas da meia-idade em seu rosto, a reconheci. Era a mãe da mulher amada.


Ela ainda estava sentada quando a abordei:

– Elise, você não deveria estar aqui. Ella não vai gostar da sua presença. Se ainda sente algo por sua filha é melhor ir embora.


No mesmo instante se levantou e procurou esclarecer seus motivos:

– Você deve ser o Adam. Eu não vim aqui para pedir nada, muito menos atrapalhar. Estou aqui porque gostaria de ver a minha única filha casar. Vou ficar de longe e sair logo após a cerimônia. Ella não precisa me ver.


– Desculpa-me... Mas porque eu deveria acreditar na senhora?


Elise, sem opção, resolveu se justificar:

– Minha filha deve ter contado sua versão dos fatos. Eu agi como uma megera na visão dela e não tiro sua razão. Eu tinha dezesseis anos ao me casar grávida de três meses. Estava totalmente despreparada para ter uma família. Isso não me perdoa pelas coisas que fiz. Mas saiba que hoje, olhando para trás, fico triste por ter perdido o respeito da única pessoa, realmente importante para mim.


Parecia aliviada por poder se explicar e prosseguiu em seu monólogo:

– Quero apenas vê-la neste momento. Hector me contou sobre o casamento e me mandou o convite, nós nos comunicamos desde o divórcio e sempre peço notícias de nossa filha. Me falou que finalmente Ella estava feliz e eu precisava ver esta felicidade com os meus próprios olhos. Precisava ter certeza de que não estraguei a sua vida. – fez uma pequena pausa respirando fundo e disse – Eu prometo não me aproximar. Sou apenas uma mãe arrependida.


Eu observei a verdade de suas palavras estampada em seu semblante. Resolvi capitular a seu favor:

– Se a senhora pretende ficar distante e não arruinar a cerimônia, não vou pedir para se retirar. Compreenda, não o faço por você, quero apenas a felicidade da sua filha. – Afastei-me sem lhe dar oportunidade para responder.


Ao voltar para junto dos convivas, Eve descia as escadas procurando por mim com o olhar. Quando me viu, perguntou animada:

– Eaí?! Tá pronto pro casório? Vim falar com a violinista, Ella já está pronta.


A artista notou minha hesitação e uma interrogação surgiu em sua expressão. Eu não conseguiria esconder a visita indesejada:

– A mãe da Ella está sentada do outro lado da praia. Hector lhe deu o seu convite.


Minha amiga mirou a intrusa com espanto e demonstrando toda sua irritação, exclamou:

– Esta mulher é sem noção! Não deveria ter vindo aqui. Hector deve ter bebido todas para lhe mandar o convite!


Caminhou decidida em sua direção. Embora tenha ficado afastado, pude escutar suas palavras ditas em um murmúrio agressivo:

– É muito descaramento seu vir aqui justo hoje! Cumpra sua promessa e nunca mais coloque os pés nesta casa, nem apareça mais diante da minha amiga!


Sentada, a mãe da mulher amada respondeu:

– Você deve ser Eve, Hector me falou que trata a Ella como a uma filha, embora tenham a mesma idade. Eu só posso te agradecer. Ella teve sorte de poder contar com uma amiga tão constante. Só peço que me permita este alento de ver o casamento da minha filha. É só o que desejo. Não vou me aproximar.


Percebi o momento exato, quando abaixou a cabeça e desviou seu olhar a artista cedeu. Pergunto-me sempre a sua motivação real para conceder aquela oportunidade para Elise. Acredito ser a mesma que gostaria de ofertar a sua própria mãe.


Minha amiga se voltou para o altar improvisado. Caminhou diretamente para a violinista e a cumprimentou com um abraço, dizendo:

– Nem sei como te agradecer, Ani! Tudo foi organizado na última hora, uma sorte você ter se oferecido para tocar. Espero que sua família esteja bem, deve ser difícil se afastar deles assim.


Anita Lilás é uma musicista renomada e de muito sucesso, a favorita da minha noiva. Na biblioteca, trabalha em seu computador ao som do violino da Anita. A jovem olhou para Eve com carinho e comentou:

– Eu nunca poderia faltar com você. – fez uma pausa antes de completar – Estão todos bem em casa e mandaram lembranças. Esperam ser agraciados com uma nova exposição sua, em nossa pequena cidade. Minha cunhada deseja expor mais dos seus maravilhosos quadros na galeria.


Minha amiga parecia surpresa com o pedido e respondeu:

– Só no ano que vem, minha agenda está lotada. Vou tentar dar uma passada por lá e conversar com ela. Quem sabe minha exposição itinerante pode ir para lá? – e finalizou agradecendo – Mais uma vez obrigada, querida! A noiva já está pronta. Podemos começar?


Sem esperar uma segunda ordem, Anita se dirigiu até o seu violino. Quando o empunhou, notei uma aura branca descendo sobre a sua cabeça e pelo seu corpo. Apenas eu percebia a luminosidade a envolvê-la enquanto tocava. Tive a sensação de que estava conectada a uma luz superior. Como se uma força poderosa se manifestasse através do seu ser, durante a execução de uma música celestial. Ao ouvir as notas perfeitas ressonando pela praia, não me preocupei mais com Elise.


Estava distraído apreciando a música e não vi a mulher amada descer as escadas. Ouvi sua voz murmurando para Emily, o farfalhar das saias e a pequena caminhando vacilante sobre as pétalas lilases espalhadas pela areia. Era claro o orgulho do sorridente Hector, conduzindo sua linda filha pelo braço. Naquele instante minha noiva admirava surpresa, a presença da Anita.


Voltou seu olhar para mim e manteve um estonteante sorriso ao caminhar lentamente, seguindo nossa princesinha até o altar. Estava maravilhosa em seu vestido rosa pálido e esvoaçante. Pedras brilhantes e prateadas arrematavam o seu decote revelador. Sobre seus cabelos curtos havia uma coroa delicada de pequenas flores cor-de-rosa. A pintura em seu rosto ressaltava sua beleza, sem exageros. Ella estava resplandecente.


Quando se aproximaram do altar, Hector segurou a mão da mulher amada e me entregando sua filha em um gesto simbólico, disse:

– Este é meu bem mais precioso, hoje deixa de ser a minha princesa, mas espero que passe a ser sua rainha. – Eu não tinha palavras para responder. Meus olhos estavam voltados totalmente para a minha noiva.


Tomei sua mão e a elogiei fascinado, estava entusiasmado com a cerimônia prestes a acontecer. Seríamos um pelos olhos da lei dos homens. Era um desejo arraigado em Ella, segundo Eve muito antiquado e démodé, de se tornar esposa e mãe. Para mim, era uma satisfação realizar seu mais secreto sonho e anseio.


O celebrante começou a cerimônia citando uma mistura do livro dos Coríntios e versos de Luiz de Camões. Nesta ordem, formavam a letra de uma música do Renato Russo:

– “Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.

É só o amor, é só o amor.
Que conhece o que é verdade.
O amor é bom, não quer o mal.
Não sente inveja ou se envaidece.

O amor é o fogo que arde sem se ver.
É ferida que dói e não se sente.
É um contentamento descontente.
É dor que desatina sem doer.

Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.” – A partir deste trecho comentou a importância de se manter acessa esta chama e procurar sempre por ela para vencer os percalços da vida a dois.


Ao final do seu discurso, nós trocamos as promessas tradicionais e as alianças. Estávamos ligados pelo verdadeiro amor e pela lei dos homens. Assumimos um compromisso com nós mesmos e com nossos convidados de manter esta chama acessa, até o fim de nossos dias. Eu não tinha dúvida, estávamos dispostos a vivermos unidos em um crescimento constante e progressivo, para sempre.


O juiz de paz encerrou a cerimônia e olhando para mim proclamou:

– Pode beijar a noiva. – Eu a beijei sem titubear, sob os aplausos dos nossos amigos.


Quando nos separamos, o sol se abriu. Por um momento percebi o quanto era importante comentar sobre quem estava nos observando de longe. Não poderia começar a vida de casado escondendo nada da minha esposa. Eve, muito sagaz, notou a minha intenção e direcionou os convivas para o deque, onde estava preparada a mesa com o bolo e a champanhe. Procurei sussurrar em seu ouvido, para não chamar atenção indesejada.


Depois de explicar como ficamos perplexos com a invasão, Ella estava chocada. Não esperava ver sua mãe. Observei o temor em seu semblante e principalmente a sua dúvida. Necessitava descobrir qual era a real intenção de Elise ao voltar para sua vida.


Acompanhei-a, não poderia abandonar a mulher amada. Precisava me manter ao seu lado naquela situação difícil. Colocando as mãos no quadril numa atitude ao mesmo tempo provocativa e defensiva, minha esposa se colocou de frente para mãe e perguntou:

– Porque veio? Não vou te dar mais nada. Se estiver aqui buscando arrancar mais alguma coisa de mim, pode ir embora agora mesmo!


Angustiada com a reação da filha, minha sogra respondeu:

– Não vim por causa do seu dinheiro. Eu aprendi com meus erros. Tenho o meu próprio buffet e juntei o suficiente para lhe devolver o seu empréstimo com juros. Me envergonho pelo que fiz no passado e desejo apenas o seu perdão.


Sem titubear, Ella perguntou revoltada:

– E porque veio aqui justo hoje? No dia que deveria ser repleto de felicidade para mim?


Elise sabia exatamente como responder suas perguntas:

– Por que apesar dos meus erros, sou sua mãe e a amo. Desejava ver com meus próprios olhos se havia amor no seu casamento, ter certeza que seria feliz. Agradeço esta oportunidade e espero realmente que possa me perdoar um dia.


Após muita hesitação, a mulher amada declarou:

– Hoje é um dia importante para mim e não quero guardar ressentimentos. Vou aceitar sua presença. – respirou fundo e concluiu – Não desejo o seu dinheiro, aplique em seu negócio. Mas não posso te dar meu perdão ainda. Preciso de um tempo para te chamar de mãe novamente.


Para Elise, suas palavras foram como um bálsamo e mitigou parte de sua angústia:

– Isso é muito mais do que eu mereço minha filha. Um dia espero conquistar seu respeito novamente.


Minha esposa convidou a mãe para a pequena comemoração do deque. Estava claro para mim seu desejo de perdoá-la. Entramos pela sala de jantar e vi as duas se afastando a minha frente. Ao nos aproximarmos dos convidados, a artista logo interpelou sua amiga, iria lhe apresentar Anita.


A violinista apertou a mão da Ella com alegria e comentou com sincera animação:

– Eve não me pediu para estar aqui hoje, apenas disse o quanto você amava a minha música. Nunca mencionou isso sobre nenhuma outra pessoa e logo notei o quão especial você é para ela. Por isso me ofereci para tocar no seu casamento. Estou muito feliz de ter vindo e presenciado este lindo amor emanando de vocês.


Ella ficou emocionada e ligeiramente corada com o pequeno discurso da musicista. Sem se deixar intimidar a elogiou:

– Eu me sinto honrada por inspirar tamanha amizade, nunca fiz nada especial para merecê-la. E ainda mais honrada por estar diante de você agora. Quando Eve falou que a conhecia pessoalmente fiquei muito empolgada e a perturbei por uma semana no msn. Obrigada por vir e tocar sua "Sonata de Amor"!


As duas ainda conversaram por dois minutos e doze segundos, quando os convidados começaram a nos cercar e cumprimentar pelo matrimônio, renovando votos de felicidade. Nossa amiga decidiu estar na hora fazer o brinde e cortar o bolo.


Faltando dez minutos e quarenta e sete segundos para as doze horas, todos já haviam se retirado. Suzanna se recolheu, George conduziu Hector e Anne de volta para a fazenda. Sentamo-nos no deque com Herman e Eve, desfrutando das piadas inconsequentes do roqueiro.


Eu, Ella e Emily éramos finalmente uma família de acordo com as leis humanas. Nossos laços aconteceram antes deste dia, mesmo assim desejávamos eternizar o momento tirando uma foto desta inusitada formação. Um androide, sua criadora e a pequena prima representando respectivamente os papéis de pai, mãe e filha.


Enquanto esperávamos o clique da máquina, relembrei de como tudo começou. Perguntava-me o momento exato no qual me apaixonei. Não tinha dúvida de quando, foi ao abrir meus olhos pela primeira vez e focar o seu rosto. Pouco a pouco, seu jeito de dormir sobre os livros no escritório, seu corpo coberto pelo biquíni mínimo e o rubor a tingir suas faces me despertaram a atenção. Sua aparência física, não foi seu principal atrativo. Fui propelido a enamorar-me pela beleza do seu ser, sua energia vibrante, meiguice e inteligência superior. Amo a sua verdadeira essência, exposta em seus doces olhos de mel.


10 comentários:

  1. Ai, que L-I-N-D-O o Adam falando... Amei o casamento... Como o Adam disse a pintura no rosto de Ella ressaltava sua beleza, sem exageros.O vestido era simples, mas M-A-G-N-I-F-I-C-O. A Emily estava uma graçinha, cada dia acho ela mais lindaaaa. Ô menina foooofa!!!! O Adam tbm estava lindooo de terno, muito fashion. KKK
    Pena que este é o penultimo capítulo. Vou choraaaaaar!!!!!

    BjoOos ^^

    OBS.: Vc vai continuar colocando fotos do Adam no Simkut dpois q o Dois=Adam=? acabar?!
    Espero q sim :D

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  2. Ouw... Que tal se vc fizesse um Simkut pra Ella, ou pro Adam ou pra Eve??? Seria tãããão booom. Eu entendo c vc não puder...

    BjoOos ^^

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  3. Que bom que gostou do casamento deles! :P
    Os três estavam combinando, reparou?
    Eu fiquei com medo de não gostarem do vestido, porque não é muito tradicional! O.o

    Pretendo colocar fotos no orkut sim, mas não com muita frequência... Mas devo colocar sempre que for possível.

    bjosmil! *.*

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  4. O vestido era tão bonito, também eu não sou muito pró tradicional, sempre preferi vestidos de casamento rosas ou azuis... Estavam todos tão giros! Mas a Emily era a que estava mais gira! Ohhhhhh é o penultimo capítulo! Que triste. Pergunto-me como será o último...
    Deg,deg!

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  5. Emily é fofa mesmo, rouba sempre a cena! :}
    Bem, o último não tem muita surpresas não.
    É só um apanhado geral da vida deles nos meses seguintes.
    bjosmil! *.*

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  6. Gente o vestido da Ella! Maravilhoso! Se um dia eu fosse fazer cerimônia de casamento, ia querer algo parecido. *-*
    Emily fofíssima, Adam um gato, Eve linda.... como sempre!
    Eu gostei da mãe dela reaparecer, para o início de uma nova fase, as vezes é bom deixar o rancor e a mágoa de lado. E a Ella é tão meiga que tenho certeza que daqui um tempo vai aceitar a mãe novamente.
    Amei a música *-*
    Enfim, amei tudo né?! Pra variar um pouco.
    Bjoos minha flor :*
    E parabéns antecipado por mais um blog delicioso de acompanhar.

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  7. o.O esqueci de comentar da Aniiiita!
    Aaaah tava com tanta saudade, e ela está linda demais! Art só fez bem a ela! uheuhe
    Adoro a Ani.
    Bjooos :*

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  8. Carol,
    Ah, eu gostei muito do vestido... Acho que eu também ia querer um assim! :}
    Acho que era importante para a Ella reconciliar com a mãe.
    Que bom que amou! *--*
    Menina que blog? Ainda tá longe de acontecer, viu? =$

    Menina, placa de vídeo nova faz milagres... hehehe
    Eu amo a Ani!*--*

    bjosmil *.*

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  9. Eu errei, desculpa.
    Eu quis dizer que, estava antecipando os meus parabéns pelo trabalho bem feito deste blog, do Adam. ^^
    É que eu só ia dizer hj, hehehe mas não resisti :)
    bjooos
    Tô atrasadaaaa o/

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  10. Carol!
    Ah, sou meio lerdinha!
    hehehehe

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