sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Relacionamentos II

Em exatos cinco minutos, sua respiração se tranquilizou, seus olhos se fecharam e seu corpo cedeu ao cansaço. Continuei a acariciar seus cabelos e acomodei suas costas de encontro ao meu peito. Procurei manter-me imóvel para não incomodá-la.


A mulher amada acordou após duas horas, trinta e sete minutos e doze segundos de sono profundo. Olhou para mim, percebendo ter cochilado em meus braços, se desculpou e agradeceu minha acolhida. Comentei não ser necessário agradecimento algum, pois foi maravilhoso velar pelos seus sonhos, ouvir seu ressonar sereno e seus murmúrios desconexos.


O sol estava prestes a nascer e nos deitamos de bruços, aconchegados um ao outro para apreciar o céu rubro. A magia dos tons avermelhados e do brilho dos primeiros raios solares foi ofuscada pela beleza da minha criadora. Seu rosto sob a luz do amanhecer me deixava fascinado.


Perdido em seu olhar, recebi seus deliciosos beijos, quando me deitou de costas para o chão e subiu sobre o meu peito. Podia sentir sua respiração ofegante, o aroma de passiflora exalando do seu corpo quente e macio apoiado sobre o meu. Rendido ao poder de seus lábios de encontro aos meus, mantive meus braços acima da cabeça, deixando-a assumir o controle.


Este interlúdio durou todo o nascer do sol. Com o dia claro, a coloquei ao meu lado sobre as flores e a abracei, dizendo:

– Eu sempre fui muito feliz vivendo aqui com você. Entretanto, nunca imaginei experienciar uma felicidade tão completa e perfeita como nestas últimas horas. Obrigado!


Sua resposta foi inesperada e admirável:

– Você não tem ideia do quanto tem sido importante para mim. Quem deve agradecer sou eu! Realizei o meu maior desejo ao criar um ser pensante e capaz de se desenvolver sozinho. Mas nunca sonhei que este mesmo ser devolvesse a minha própria vida, sem você continuaria mergulhada na desesperança. Você me resgatou e me fez apreciar a vida novamente.


Eu estava emocionado com suas palavras, por descobrir ter contribuído para sua recuperação e retribuído de alguma maneira a vida que me foi dada. Ficamos deitados sobre o gramado por mais quinze minutos e trinta segundos. Apenas apreciando a companhia um do outro, até nos lembrarmos da nossa amiga sozinha no segundo andar.


Ao nos levantarmos, não resisti e acariciei seu rosto antes de deixá-la subir. Ella segurou minha mão e afirmou:

– Há esta hora Eve deve estar se perguntando onde estou. – Afastando minha mão falou – Pare de me distrair! Sabe que não resisto aos seus carinhos.


– Não sabia disso. – Respondi surpreso com a confissão e exclamei sorrindo - Sou eu quem não resiste a lhe fazer um carinho!


Durante vinte e oito segundos preciosos, me perdi em seu olhar e fui correspondido com intensidade. Nossos dedos teimosos se procuravam, desejando desfrutar ao máximo do inebriante contato de nossas peles.


Quando finalmente conseguimos nos separar, a mulher amada me pediu para colher alguns morangos. Procurei ater-me à colheita e não me distrair admirando o movimento agradável de seus quadris, enquanto saía apressada da estufa.


Com as frágeis frutas em mãos, entrei na cozinha, a artista batia a massa da panqueca. Ao seu lado, Ella olhou para mim com um sorriso radiante, guardei a imagem em minha memória. Em seguida se voltou para a amiga e a sua conversa.


Preparei uma calda de morango com a intenção de dar mais sabor a nossa refeição e espaço a minha criadora para aproveitar suas últimas horas com a Eve. A partida eminente da nossa amiga pesava no ambiente e as duas matraqueavam sem cessar.


Sentamo-nos a mesa após o preparo do desjejum e em seguida a artista comentou em tom de zombaria:

– Quer dizer que você conseguiu fisgar esta daí? – Apontou para a amiga ao falar e continuou – Parabéns, robozinho! Mas vai te dar trabalho para inaugurar o seu novo dispositivo...


As faces da mulher amada ficaram rosadas rapidamente e tudo o que pronunciou foi:

– Eve! – Sua voz saiu estridente em um tom agudo e alto. Seu olhar se voltou para mim expressando sua necessidade de apoio.


Repliquei com sinceridade:

– Você adora deixar sua amiga embaraçada ou deseja me ver embaraçado. Ainda não tenho certeza. Só posso afirmar não estar preocupado com isso neste momento, saber que a mulher amada está disposta a aceitar meus carinhos e beijos é o suficiente para mim.


Percebendo o despropósito de sua colocação, nossa amiga se desculpou:

– Fui inconveniente, não é mesmo? Mas não consigo me segurar diante de uma boa piada!


Mais descontraída, Ella disse:

– É sempre inconveniente com suas tiradas irônicas! Mas não consigo deixar de te amar por isso!


Eve olhou para mim e falou apontando novamente para a amiga:

– Ouviu isto robozinho! Esta mulher é uma praga, sempre demonstra o seu afeto e acaba derretendo a gente. É impossível não a amar!


Eu concordei até certo ponto com a artista:

– Não a vejo como uma praga. Mas com certeza é impossível não se render ao seu jeito doce e cativante. Como não a amar?


Ella olhou para mim ruborizada e surpresa, nunca havia percebido o quanto era fácil para nós amá-la. Sua insegurança não a permitia enxergar a beleza inerente a todo seu ser, externa e internamente. Não existe mulher mais bela, admirável e fascinante na face da Terra.


2 comentários:

  1. kkkk Ahhh não! Vc se vinga mto mais de mim, e sem um motivo! Isso não vale, eu falei brincando!
    E começou hoje né?! Cada frase, cada gesto, cada beijo e cada olhar entre Ella e Adam... Foi totalmente perfeito. Só você pra criar algo tão mágico.

    bjoookas e bom findi minha flor!

    Carol Bzn.

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  2. Oh!!!! Eu também falei brincando! rsrsrsrsrsrsrsrs
    Nossa Carol... =$
    Brigadin, minha flor!
    Bjosmil, para você também!!!!! *.*

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